Desta forma, a Transpessoal é uma psicologia voltada para a inteireza do Ser, afirmando que é necessário o desenvolvimento de todas as dimensões que constituem o humano, integrando-as. Na verdade, o ser humano é um ser inteiro, porém, como aponta a psicóloga Vera Saldanha e outros autores da Psicologia Transpessoal, ele encontra-se e percebe-se fragmentado, sem consciência da unidade, devido à ilusão da separatividade. As pessoas em geral referem-se “ao meu corpo”, ficando evidente a separação. Mas esta separação não existe, o corpo não é uma entidade separada daquilo que somos, pois nós somos o nosso corpo. Assim, à medida que se cuida do corpo, cuida-se também do psiquismo e do espírito; sendo o contrário também verdadeiro: quando se cuida da psiquê ou do espírito, também se está cuidando do corpo.
ARTES MARCIAIS, CAMINHO PARA A INTEGRAÇÃO
Neste processo de re-integração do Ser, Pierre Weil, saudoso psicólogo transpessoal, coloca que as artes marciais são uma ‘holopráxis’, ou seja, são práticas que possibilitam ao ser humano chegar à vivência do Todo, ajudando a reencontrar nossa inteireza essencial. Dentro desta visão, através das artes marciais é possível ao praticante experimentar e desenvolver a totalidade do seu Ser – seus níveis físico-psico-social e espiritual -, promovendo-se assim seu crescimento pessoal e transpessoal.
Coincidentemente ou não, já apontava Gichin Funakoshi, o pai do Karate moderno, esta arte marcial tem como objetivo o desenvolvimento integral do Ser, onde cada um precisa vencer a si mesmo, aqui e agora.
As artes marciais e em especial o Karate-Do, não são apenas técnicas de autodefesa ou de luta, elas têm objetivos que vão além desta simples definição. O Karate-Do, o “caminho das mãos do Vazio” busca desenvolver o caráter do praticante, de forma a levá-lo ao encontro com a Totalidade, expressa por Funakoshi através do conceito budista de Vazio. (Consideramos aqui, caráter como as características psicológicas que caracterizam a pessoa, incluindo-se também, a moral e a ética que a orienta). Neste sentido, além do Karate-Do ter como proposta propiciar um desenvolvimento moral e ético, devido à filosofia oriental na qual se fundamenta, ele também é uma ferramenta de auto-conhecimento, na medida em que é possível se conhecer mais através de sua prática, ajudando, desta forma, a se ter uma vida mais satisfatória e plena.
Entre os benefícios psicológicos proporcionados pelo Karate-Do estão o aperfeiçoamento da atenção, o desenvolvimento da concentração, da força de vontade, da disciplina, da coragem, da determinação, do equilíbrio emocional, do estado de presença, diminuição da ansiedade e da tensão, entre outros. Esta arte também procura desenvolver valores e permite que o praticante melhore suas relações pessoais, tendo assim um ganho na sua dimensão social (pois é praticado em geral em grupo), e também porque preza pelo respeito aos colegas, professores e adversários acima de tudo.
O Karate-Do é uma também uma ferramenta para que os praticantes reconheçam suas emoções diante de situações adversas e conheçam como estão lidando com cada uma destas emoções, além de possibilitar a aprendizagem de novas formas de expressá-las. Entre essas emoções estão a agressividade, o medo, a ansiedade e a impulsividade. Cada desafio, no treinamento, nos testes e nas competições, ajuda a reconhecer cada um destes aspectos e a aprender a administrá-los melhor, de forma mais equilibrada. O Karate-Do coloca o praticante em várias situações de exposição a partir do Kata (exercício formal de performance) e do Kumite (luta), e estas despertam sentimentos, pensamentos e fazem o corpo reagir de acordo com as aprendizagens que são trazidas pela pessoa. Estas aprendizagens se dão tanto a nível corporal e psíquico quanto espiritual, de acordo com seu desenvolvimento pessoal e com sua vida. Todo o Ser está presente no momento do Kata e do Kumite.
Nos dias atuais, onde a sociedade mostra-se demasiadamente cartesiana, separando corpo, mente e espírito, e cultuando o corpo somente em sua estética, o Karate-Do possibilita o resgate do corpo com outra significação. Além do desenvolvimento das inúmeras valências físicas fundamentais, como força, potência, capacidade cárdio respiratória, equilíbrio, resistência e potência anaeróbica, ritmo e ampliação dos reflexos, etc, o corpo é reconhecido e respeitado como caminho para o desenvolvimento físico e das demais dimensões do Ser, pois é visto com o olhar integral – corpo e espírito impossíveis de se separar, como Funakoshi e outros mestres orientais já apontavam. É uma nova forma também de respeito ao corpo, de cultuá-lo como Sagrado.
Coincidentemente ou não, já apontava Gichin Funakoshi, o pai do Karate moderno, esta arte marcial tem como objetivo o desenvolvimento integral do Ser, onde cada um precisa vencer a si mesmo, aqui e agora.
As artes marciais e em especial o Karate-Do, não são apenas técnicas de autodefesa ou de luta, elas têm objetivos que vão além desta simples definição. O Karate-Do, o “caminho das mãos do Vazio” busca desenvolver o caráter do praticante, de forma a levá-lo ao encontro com a Totalidade, expressa por Funakoshi através do conceito budista de Vazio. (Consideramos aqui, caráter como as características psicológicas que caracterizam a pessoa, incluindo-se também, a moral e a ética que a orienta). Neste sentido, além do Karate-Do ter como proposta propiciar um desenvolvimento moral e ético, devido à filosofia oriental na qual se fundamenta, ele também é uma ferramenta de auto-conhecimento, na medida em que é possível se conhecer mais através de sua prática, ajudando, desta forma, a se ter uma vida mais satisfatória e plena.
Entre os benefícios psicológicos proporcionados pelo Karate-Do estão o aperfeiçoamento da atenção, o desenvolvimento da concentração, da força de vontade, da disciplina, da coragem, da determinação, do equilíbrio emocional, do estado de presença, diminuição da ansiedade e da tensão, entre outros. Esta arte também procura desenvolver valores e permite que o praticante melhore suas relações pessoais, tendo assim um ganho na sua dimensão social (pois é praticado em geral em grupo), e também porque preza pelo respeito aos colegas, professores e adversários acima de tudo.
O Karate-Do é uma também uma ferramenta para que os praticantes reconheçam suas emoções diante de situações adversas e conheçam como estão lidando com cada uma destas emoções, além de possibilitar a aprendizagem de novas formas de expressá-las. Entre essas emoções estão a agressividade, o medo, a ansiedade e a impulsividade. Cada desafio, no treinamento, nos testes e nas competições, ajuda a reconhecer cada um destes aspectos e a aprender a administrá-los melhor, de forma mais equilibrada. O Karate-Do coloca o praticante em várias situações de exposição a partir do Kata (exercício formal de performance) e do Kumite (luta), e estas despertam sentimentos, pensamentos e fazem o corpo reagir de acordo com as aprendizagens que são trazidas pela pessoa. Estas aprendizagens se dão tanto a nível corporal e psíquico quanto espiritual, de acordo com seu desenvolvimento pessoal e com sua vida. Todo o Ser está presente no momento do Kata e do Kumite.
Nos dias atuais, onde a sociedade mostra-se demasiadamente cartesiana, separando corpo, mente e espírito, e cultuando o corpo somente em sua estética, o Karate-Do possibilita o resgate do corpo com outra significação. Além do desenvolvimento das inúmeras valências físicas fundamentais, como força, potência, capacidade cárdio respiratória, equilíbrio, resistência e potência anaeróbica, ritmo e ampliação dos reflexos, etc, o corpo é reconhecido e respeitado como caminho para o desenvolvimento físico e das demais dimensões do Ser, pois é visto com o olhar integral – corpo e espírito impossíveis de se separar, como Funakoshi e outros mestres orientais já apontavam. É uma nova forma também de respeito ao corpo, de cultuá-lo como Sagrado.
AÇÃO CONJUNTA, RESPOSTA INTEGRADA
Porém, para uma abordagem mais integral, é importante um olhar multiprofissional, com o Karate-Do e a Psicologia intervindo para a ampliação da consciência sobre si mesmo. Quando ambos trabalham em conjunto, características pessoais – que talvez passassem despercebidas na prática do Karate-Do ou da própria psicoterapia – podem ser trabalhadas, ajudando no crescimento do Ser, de forma a melhorar tanto a técnica do Karate-Do, quanto auxiliar o próprio desenvolvimento pessoal do praticante. Com a psicologia e o Karate-Do trabalha-se, então, de forma consciente e integrada o corpo, a psique, o social e o espiritual. Quando o corpo vivencia este processo de forma consciente, juntamente com as demais dimensões que somos, pode-se ter a re-integração do Ser.
Desde Reich, o percussor da psicoterapia corporal, sabe-se da importância do trabalho corporal para a liberação emocional e o desenvolvimento pessoal. Gichin Funakoshi já observava em suas colocações que não há verdadeira aprendizagem sem que a experiência passe pelo corpo. Segundo ele, a compreensão do significado e os ensinamentos da arte marcial não podem ocorrer somente a nível intelectual, o corpo precisa vivenciá-lo para entendê-los. De certa forma, a percepção de ambos, Reich e Funakoshi, é em essência a mesma, na medida em que colocam o corpo como fundamental para o desenvolvimento humano. No caso de não haver um trabalho em conjunto de Karate-Do e Psicologia, como em equipes de rendimento/competição esportiva, o Karate-Do pode ser recomendado pelo psicólogo como uma ferramenta complementar para a psicoterapia.
O trabalho integrado é importante porque também é necessária uma compreensão psicológica da pessoa. Com um profissional da psicologia trabalhando em contato com o professor de Karate-Do isto se torna mais fácil.
A compreensão das ideias filosóficas de origem oriental, como a busca pelo Vazio, o desapego, a expressão da complementaridade Yin-Yang através dos próprios movimentos, e tantas outras, podem ser facilitadas pela compreensão da dimensão interior do indivíduo através da psicoterapia. Neste caso, vemos que tanto o trabalho terapêutico realizado pelo psicólogo quanto o caminho de desenvolvimento ensinado pelo Sensei são beneficiados pelo diálogo destas duas tradições.
Desde Reich, o percussor da psicoterapia corporal, sabe-se da importância do trabalho corporal para a liberação emocional e o desenvolvimento pessoal. Gichin Funakoshi já observava em suas colocações que não há verdadeira aprendizagem sem que a experiência passe pelo corpo. Segundo ele, a compreensão do significado e os ensinamentos da arte marcial não podem ocorrer somente a nível intelectual, o corpo precisa vivenciá-lo para entendê-los. De certa forma, a percepção de ambos, Reich e Funakoshi, é em essência a mesma, na medida em que colocam o corpo como fundamental para o desenvolvimento humano. No caso de não haver um trabalho em conjunto de Karate-Do e Psicologia, como em equipes de rendimento/competição esportiva, o Karate-Do pode ser recomendado pelo psicólogo como uma ferramenta complementar para a psicoterapia.
O trabalho integrado é importante porque também é necessária uma compreensão psicológica da pessoa. Com um profissional da psicologia trabalhando em contato com o professor de Karate-Do isto se torna mais fácil.
A compreensão das ideias filosóficas de origem oriental, como a busca pelo Vazio, o desapego, a expressão da complementaridade Yin-Yang através dos próprios movimentos, e tantas outras, podem ser facilitadas pela compreensão da dimensão interior do indivíduo através da psicoterapia. Neste caso, vemos que tanto o trabalho terapêutico realizado pelo psicólogo quanto o caminho de desenvolvimento ensinado pelo Sensei são beneficiados pelo diálogo destas duas tradições.
Daniele é psicóloga, formada pela PUCRS, e estudante de especialização em Psicologia Transpessoal.
Tiago é Professor de Karate, Bacharel em Educação Física pela UFRGS, e estudante de Mestrado em Ciências do Movimento Humano, também pela UFRGS.
*publicado originalmente no jornal Bem Estar, de Porto Alegre, edição de agosto de 2011.
Publicado aqui a partir de http://pintokaratedojo.wordpress.com/ COM AUTORIZAÇÃO DOS AUTORES.
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