Primeiramente dizer que foi um privilégio participar da maior festa do mundo do Karatê faz-se necessário pois é realmente um privilégio para poucos e talvez resida neste "privilégio de poucos" um dos grandes problemas do Karatê no Brasil, pois a inacessibilidade à informações e ao que realmente é tendência para o Karatê faz com que o desenvolvimento da modalidade no Brasil seja muito precário.
É nos mundiais da WKF que são apresentadas as novidades, onde temos contato com pessoas, conteúdos e materiais que encabeçam a vanguarda do Karatê.
Sendo este nosso terceiro mundial (Tóquio, Belgrado e agora Paris), pudemos desta vez ter bons parâmetros de comparação do desenvolvimento do Karatê nestes últimos seis anos e constatar que por aqui nós professores, técnicos, dirigentes e nossos atletas têm muito que aprender.
Primeiramente vamos abordar a questão organizacional, afinal, tudo que aconteceu em Paris foi primoroso e já estava tudo pronto há mais de um ano quando lá estivemos.
Cerimônia de Abertura do Mundial
Desfile das Delegações
Cerimônia de Abertura
Convidados da Federação Francesa de Karatê tivemos um privilégio muito grande de acessibilidade às informações e ao planejamento do evento. Tudo aconteceu exatamente como previsto. Daí vem a primeira lição - planejamento - no Brasil os eventos não têm planejamento, apenas acontecem.
Na questão da preparação também tivemos acesso aos treinamentos de algumas seleções (principalmente a francesa - grande vitoriosa no evento). Vimos também que o forte nesse quesito é formação dos técnicos aliada à estrutura. Entenda-se estrutura como uma série de fatores externos que possibilitam qualidade de treinamento, desenvolvimento e disponibilidade para se desenvolver, outra coisa difícil de acontecer por aqui. Os técnicos são todos muito bem preparados, tanto no quesito da formação pessoal quanto no da formação profissional e permanente reciclagem, outra coisa distante da nossa realidade também.
Bunkai da Seleção Feminina da França
Nesse contexto de planejamento e estrutura somando-se à qualidade técnica de professores e atletas o resultado só poderia ser um (no caso dos países bem desenvolvidos) - um karatê de alto nível demonstrado principalmente pelo preparo psicológico, físico e foco dos atletas. Desse contexto é que surgem as novidades, novas técnicas e novos golpes (a exemplo do "chute do escorpião" que surgiu em Tóquio-2008). Isto tudo se reflete na arbitragem que vem igualmente se desenvolvendo e se adaptando nestes últimos 3 mundiais de certa forma até independente ao prescrito nos regulamento.
Desfile da Delegação Brasileira em Paris
Aí reside outro grande problema para nós. Quando muito nossos "melhores árbitros" conseguem "seguir o regulamento" de forma mecânica sem sequer ter ideia das tendências mundiais e são estas "tendências" que fazem a arbitragem praticar ações muito diferentes das praticadas por aqui e aí há sérios reflexos no desempenho dos nossos atletas. Ano passado fizemos curso de arbitragem no exterior, mesmo sendo árbitro por aqui há mais de 10 anos, ficamos de certa forma chocados, recebemos material, aulas em vídeo e lâminas para datashow com a finalidade da difusão das novas regras da WKF, passado um ano da implementação do novo regulamento o regulamento ainda é o mesmo mas a tendência já é outra, por exemplo, há internacionalmente uma tendência muito grande a uma tolerância extrema com os agarramentos para derrubadas pois o principal golpe para a pontuação de ippon passou a ser a projeção ao solo e aplicação de técnica subsequente e não mais os chutes jodan (que igualmente pontuam com ippon mas em ocorrências menores se comparados com as projeções ao solo). E por aí vai, "o caminho" está mudando, é flexível e precisamos ser flexíveis como ele, caso contrário esta nossa rigidez será a responsável por um distanciamento tão grande do alto nível internacional trazendo consequências severas ao nosso desenvolvimento.
Em Paris havia alguns dirigentes do Karatê nacional e talvez uma boa alternativa seja proporcionar à estes meios para a transmissão do que vivenciaram pois caso contrário permaneceremos isolados mantendo nosso "exército de atletas" preparados para batalhas "nacionais", "sulamericanas" e "panamericanas" que por suas limitações técnicas ficam muito aquém do karatê praticado no resto do mundo, principalmente na Europa.
Aduziria, ainda dentro do espírito das artes marciais ensinarem uma das maiores lições de vida: O Segredo do sucesso consiste em ir, de fracasso/dificuldade em fracasso/dificuldade sem perder o entusiasmo, que o Japão venceu o Mundial 2012, em Paris, nos katas equipe feminino e masculino, resgatando a tradição de virtuose:
ResponderExcluirNa final das meninas, contra a Itália, excelente trabalho e impressionante Bunkai no
Kururunfa: http://www.facebook.com/photo.php?v=436577106404212&set=vb.234417726620152&type=2&theater
Masculino, outro show de Bunkai, no Unsu, com outros fabulosos vôos e aterrisagens: http://www.facebook.com/photo.php?v=436621406399782&set=vb.234417726620152&type=2&theater